Visitas de Verão 2023

Com o início do Verão, tal como tenho feito em outros anos, vou organizar algumas visitas guiadas de teor histórico/filosófico com um forte pendor de Tradição Lusíada na senda de António Quadros, Lima de Freitas ou Agostinho da Silva. Trata-se de revisitar alguns dos lugares emblemáticos do nosso Património Luso como pretexto (sim, como texto prévio) para os experienciar com outros olhos, com a Alma “ligada”.

incursoeshermeticas@gmail.com

2 de Julho 2023; 15h – 18:30h
A Quinta da Regaleira é um dos espaços simbólicos mais concorridos e conhecidos de Sintra. Interpretações diversas acerca dos seus mistérios têm preenchido livros, jornais, revistas e programas de televisão. Fala-se de Maçonaria, de Templários, de Segredos Alquímicos. A verdade é que a intenção do autor (sim, autor, como se de uma obra de arte se tratasse), parece estar longe destes temas. Contudo o simbolismo está lá! Patente e visível!
Convido-vos a visitar a Quinta da Regaleira, porventura de novo, mas certamente com novos olhos. Sim, vamos alinhar todas as interpretações mais populares e discutir de que modo estão ou não presentes. Mas iremos mais além. Vamos tomar as principais referências de Carvalho Monteiro e Luigi Manini: A Divina Comédia de Dante; Os Lusíadas de Camões e os Jardins Iniciáticos como expressão cénica de um percurso interior. Com base neles vamos abrir novas vistas sobre a Regaleira. Vamos deixar-nos submergir pela natureza, guiar pelos sentidos e despertar do sono quotidiano para a luz do excepcional.

15 de Julho; 10:00 – 18:30
Alcobaça e Batalha, com almoço

Tragam os amigos e a família!

Vamos criar boas memórias e viver a alegria de ser Português. Que viva o Verão,

Luis de Matos

incursoeshermeticas@gmail.com

Sintra fecha o ciclo – O que vale a Pena

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Aos poucos, puxado pelos amigos que se iam inscrevendo e, por um motivo ou outro, não conseguiam estar presentes, fui acrescentando datas ao Calendário de Visitas das Aulas Livres. “Não conseguir ir à Pena! Quando é que vais repetir?”, diziam. “E a Regaleira?”, insistiam. Como não devo ter disponibilidade para repetir algo deste género nos próximos tempos, lá fui aceitando os desafios, semana após semana. Esta semana irá chegar ao fim o ciclo actual de Visitas e Aulas e já abordámos tantos temas e usámos os locais e edifícios históricos como pretexto para tanta filosofia que parece que estou a regressar a casa de uma longa viagem ao regressar à Pena! De Dante a Platão, de Pessoa a Lima de Freitas, de Percival a Galaaz, de lugar em lugar, ideia em ideia, questão em questão, enquadrando os lugares, as doutrinas, as perplexidades. Muito ficou por dizer e muito por observar. Mas a paixão pelos lugares ficou patente. E feliz fui ao ver a paixão compartilhada por tantos.

A eles, obrigado!

 

Praxes Académicas e Ritos de Passagem

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Esta Segunda-Feira a TVI-24 teve a gentileza de me convidar para o Programa “Discurso Directo” no qual se abordou o tema das Praxes Académicas à luz das últimas informações sobre a tragédia da Praia do Meco. O meu obrigado à Paula Magalhães e à TVI-24 pelo convite.

Antes de mais convém ressalvar que, não somente a minha intervenção na televisão como este texto, como ainda o Programa que se seguirá na série “Pérolas aos Poucos”, procuram abordar o tema na sua forma genérica e não expressamente o que aconteceu na Praia do Meco há pouco mais de um mês, não apenas porque a informação é escassa e pouco fiável, mas particularmente porque a dor dos pais e familiares de todos os envolvidos deve ser respeitada acima de qualquer outro facto, empalidecendo por isso todas as explicações e opiniões que pudessem ser emitidas e que deixa, assim, de fazer sentido.

Contudo, genericamente falando, as Praxes, a sua história, o seu fundamento e prática ao longo dos anos merece um estudo atento e uma reflexão profunda. Nos últimos anos tem sido trazida recorrentemente para os jornais e televisão pelos piores motivos e os abusos sucederam-se no passado, pelo que as opiniões no pressente são largamente desfavoráveis e facilmente manipuladas no sentido de pedir o seu fim imediato e sem apelo. Mas tal atitude é fruto de uma irracionalidade tão grande como muitos dos abusos que procura resolver, sendo por isso um posicionamento que, longe de resolver o problema, apenas o pode empolar ainda mais.

Dito isto, desejaria abrir o debate pela partilha do vídeo do Programa da TVI-24 “Discurso Directo”, de 27 de Janeiro de 2014, que vos convido a ver. Depois, se assim for do vosso agrado, poderão seguir-nos pela TVL já na Quinta-Feira e mais tarde complementar com um artigo mais circunstanciado onde poderei dar alguns dos links para que cada um possa seguir a pesquisa por si mesmo.

Assim e para já, aqui fica um resumo curto do “Discurso Directo” (3 minutos):

http://www.tvi.iol.pt/videos/14071410

E aqui de seguida fica a versão completa (48 minutos) com as chamadas telefónicas e reportagem:

Reconstituição do Ritual de Praxe de praia feita pela TVI-24 baseada na “Hora do Diabo” de Fernando Pessoa.

http://www.tvi24.iol.pt/…/meco-praxe…/1533037-4071.html

E ainda um documentário do Hugo Almeida que vê a Praxe por dentro. Está muito bem feito e recomenda-se vivamente. Ver o tema, agora por dentro, sem mediatismos nem embelezamentos. Recomendo:

Pérolas aos Poucos III – A Máscara

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Episódio III – A Máscara

(excerto)

Luis de Matos: (LM): A noção do anónimo é interessante porque leva-nos a pensar na forma como, na Tradição, Saint-Martin (que era um filósofo francês), tentou viver a Caridade. E a caridade deve ser anónima. A caridade deve ser feita, de facto, sem rosto. Devemos fazer a caridade sem que se saiba de onde ela vem. Era essa a sua forma de pensar.

Alexandre Honrado (AH): Há um movimento actualíssimo que diz que nós estamos a dirigir-nos todos para um momento de exigência da “caritas”, não da caridade de mão estendida, mas outro tipo de caridade. Uma caridade mais profunda em que dás de ti, o melhor de ti, para salvares os melhores que estão à tua volta e depois os que são piores então percebem que podem ser melhores.

LM: Sim. Ele chamava-lhe uma Caridade reparadora. Porque a ideia é reparar.

AH: Regeneradora ou reparadora.

LM: Exactamente. Porque há a caridade que mantém aquele que necessita da caridade, necessitando dela. Uma côdea de pão hoje, outra côdea de pão amanhã. E depois de amanhã a que horas é que vens cá buscar a tua côdea de pão? É que com uma côdea de pão nunca vais a lado nenhum. A Caridade de que ele fala não é essa. É a Caridade reparadora, de facto.

AH: Exactamente.

LM: E há uma Ordem que foi estabelecida à volta das suas ideias, que é a Ordem Martinista, que tem uma influência muito importante na cultura popular. E porquê? Porque aqueles que são iniciados nesta Ordem passam por um ritual onde a máscara é um ponto essencial. A máscara faz parte da sua vestimenta ritual.

AH: Mas com que essência?

LM: Colocam a máscara para poderem ser “invisíveis” no mundo.

AH: Nesse sentido…

LM: Nesse sentido.

AH: E a máscara introduz alguma expressão?

LM: Não. É aquela máscara…

AH: Anónima?

LM: Anónima. Completamente anónima. É aquela sem qualquer tipo de decoração. É completamente negra. Faz lembrar precisamente os heróis anónimos que vão aparecer depois na cultura popular.

AH: Mais uma vez os americanos, importando da Europa uma série de símbolos…

LM: Importando, fazem esta síntese. É o caso do Zorro. É um herói claramente ligado a esta tradição Martinista.

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LM: Estamos a ver uma imagem. A máscara é esta, negra. Ele tem a espada do herói, a espada da justiça e tem uma capa negra. Os Martinistas é assim que se vestem [com esses elementos: capa negra e máscara negra, com a espada com recordação da justiça.]  E depois do Zorro temos uma série de outros personagens. por exemplo, o Lone Ranger com o seu cavalo , que são sempre personificações de “cavaleiros” anónimos que ninguém sabe quem são na vida real.

AH: (…) Esta capa está presente nos heróis todos.

LM: Está cá porque [é uma referência] à lenda de São Martinho, que rasgou a sua capa para dar a um pedinte. A sua própria capa rasgou-a em duas e fez duas capas. Depois aparece-nos [mais tarde] o Super-Homem, que também tem a sua capa.

AH: Exactamente.

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LM: A máscara do Super-Homem é diferente.

AH: Tem duas máscaras…

LM: Tem duas máscaras. (ri-se)

AH: Tem a da vida real, porque ele é jornalista e mascara-se de pessoa comum e depois tem esta máscara do super-herói.

LM: É isso. Ele usa a máscara da vida real. Mas a noção [subjacente] continua a ser esta do anónimo. Aquele que vive entre os comuns, mas que tem poderes extraordinários. O Batman é outro caso, mais um herói que tem a sua capa e a sua máscara. O que é interessante entender é que estes super heróis que vão aparecendo vêm do passado, vêm [na linha] da tradição Martinista e de Saint-Martin. No caso do Batman já estamos a falar de um herói com conotações mais negras. A máscara é-nos apresentada na cultura popular anglo-americana numa última figuração muito interessante, que é a do Dath Vader.

(continua…)

Quero Saber – Maçonaria

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O segundo volume da colecção “Quero Saber” debruça-se sobre a Maçonaria. A Ordem Maçónica tem sido muito discutida na imprensa e é muitas vezes envolvida nas mais estranhas teorias da conspiração. Há muitos livros que nos falam do ocultismo por detrás da Maçonaria, dos rituais exóticos, dos segredos e dos símbolos. No entanto, há pouco material de referência que explique claramente o modo como a Ordem Maçónica se tem desenvolvido e a sua presença no mundo actual. Afinal porque é que alguns se dizem “regulares” e outros “agnósticos”? A Maçonaria é exclusivamente masculina? Quais são as diferenças entre cada uma das correntes, quer na sua filosofia de base, quer na sua acção na sociedade? Quantos são os Maçons? Quais são a mais de uma dezena de Obediências diferentes que trabalham em Portugal nos dias de hoje? O que é uma Loja? O que se passa numa Loja? O que é um Rito? É verdade que o basquetebolista da NBA Shaquille O’Neal e Michael Richards, o Kramer de Seinfield, são Maçons?

Este guia ajuda-nos a conhecer a história da Maçonaria e das suas várias correntes, desde o tempo das guildas medievais até às múltiplas Obediências modernas. Pela primeira vez toda a Maçonaria Portuguesa é listada e colocada no seu contexto, com diagramas simples e claros.

PREÇO EM PRE-ORDER: 11,95 €

(Só até 17 de Abril)

Para pedidos por email e transferência bancária ou pagamento por Multibanco, por favor mandar um email para: ihshi@mail.com

Do Vale à Montanha – No Trilho de Nicholas Roerich

ENTRADA LIVRE

Um percurso iniciático pela obra do pintor e místico Russo Nicholas Roerich. As Tradições Secretas dos Himalaias, Shambballah, e o Encoberto.

“Trabalho para uma empresa de Nova Iorque e desloco-me aquela cidade com frequência. Numa das última vistas apercebi-me que há um Museu Nicholas Roerich aberto ao público numa das casas onde o conhecido pintor Russo viveu enquanto esteve nos Estados Unidos. Entre reuniões e agendas, abri um final de manhã para visitar o Museu. Embarquei então no que acabou por ser uma inesperada vertigem, genuína viagem a um recesso de mim mesmo, às profundezas ocultas de uma memória que não tenho de coisas que nem sei se vivi. Nada me podia preparar para o contacto directo com a obra de Roerich. Do vale à montanha, da superfície ao interior das cordilheiras. Quando me encontrei comigo, já tinha regressado a Nova Iorque e ao barulho da cidade metropolitana. O que tinha acontecido? Nem sei bem…” (Luis de Matos)

COMUNIDADE PORTUGUESA DE EUBIOSE
Rua António Sérgio 3A
Algueirão
(Junto à Estação da CP)

Mapa: http://www.cpeubiose.org/local/morada.htm

Eubiose: http://www.cpeubiose.org/
Luis de Matos: https://universatil.wordpress.com/2012/05/10/museu-roerich/

Fernando Pessoa – Iniciação

Continuo a considerar este um dos poemas mais interessantes de Pessoa.

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INICIAÇÃO

 

Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.

……

O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.

Vem a noite, que é a morte
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.

Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.

Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.

Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.

……

A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes.

……

Neófito, não há morte.

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Fernando Pessoa

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