6 Perguntas sobre o “Calepino Maçónico”, último livro de Luis de Matos

Calipono? Calupeno? Calíope? Mas afinal o que é um Calepino???

Eu também não sabia! Tinha vários em casa, mas não sabia! A ideia original era escrever uma pequena compilação de termos usados pelos Maçons e que o público em geral não conhece. Na realidade há uma linguagem própria da Maçonaria, como há, por exemplo, uma linguagem usada por algumas profissões – os tipógrafos, os músicos, os mecânicos, os médicos, etc. – que os “profanos” não conhecem. Todo aquele que não sabe usar os termos próprios é até visto com alguma desconfiança. O mesmo acontece na Maçonaria, que herda muitos termos e expressões do ofício de pedreiro, mas que os completa e amplia, dando lugar a um rico “shibboleth” (é este o termo correcto). Ora, um Calepino é um caderno de apontamentos, em geral composto de entradas que revelam essa linguagem cifrada. É uma espécie de Glossário manuscrito para uso do próprio autor. Quando me dei conta disso, lembrei-me que a maneira como eu mesmo fui aprendendo as inúmeras expressões foi assentando os significados em pequenos cadernos manuscritos que levava às sessões da minha Loja. Era nesses mesmos cadernos onde tomava apontamentos, elaborava esquemas simbólicos e deixava algumas reflexões que, mais tarde, colocava nas minhas Pranchas. O Calepino foi sempre um companheiro inseparável na Loja!

No livro defines 119 expressões usadas pelos Maçons. Queres dar exemplos?

Quando comecei a escrever pensei que iria encontrar umas 40 ou 50. Assim de cabeça podia citar algumas mais emblemáticas. Mas quando comecei a sistematizar o livro, apercebi-me que eram mais. Ao definir umas, inevitavelmente caía em outras. A lista foi crescendo e acabei com 119! Ou seja, muito mais do dobro do que estava inicialmente a contar. E podia ter colocado mais. Procurei não fazer um Dicionário (já há vários de grande qualidade), mas escolher as expressões usadas na Maçonaria que, noutros contextos, podem levar à confusão ou não ser sequer entendidas. É o caso do Oriente, que é mais do que uma direcção no espaço, da Coluna Sul, que é mais do que uma pilastra, do “estar a chover”, que é mais do que uma afirmação meteorológica, ou do Mestre da Harmonia, que não é bem um activista do Budismo Zen… Na Maçonaria o meio-dia não acontece sempre às 12h e a meia-noite nem sempre é às 0.00h. Parece estranho, mas não é. E todo o Maçon deve estar ao nível e pronto para um telhamento, porque os trabalhos decorrem “a coberto”, não numa vila ou cidade, mas “a Oriente” desta, conduzidos pelo malhete sábio e justo do Venerável. Por sorte, a Grande Dieta na Maçonaria não é um regime alimentar severo para perder peso, nem os canhões se carregam com pólvora nos Ágapes para matar ninguém, embora façam fogo! É mesmo um shibboleth muito particular. O livro ajuda todos os que se interessam pela Maçonaria a compreender a sua linguagem. Ajuda Aprendizes e Companheiros a entrar no imaginário simbólico da Ordem. Ajuda os Mestres a usarem os termos com o rigor que se lhes é exigido. Pareceu-me um serviço útil à Ordem, não disponível em muitas publicações.

Aproveitas algumas das expressões para contar algumas das tuas experiências pessoais. Até anotas algum do anedotário maçónico. É um livro auto-biográfico?

Sim, é verdade, conto alguns episódios verdadeiros passados comigo e recupero alguns que me contaram e que relato como anedotas porque não sei se são literais. São, no entanto, todos eles reveladores e, mesmo que divertidos, mostram o lado mais humano da Maçonaria, raramente destacado. É o caso da conversa que tive com o Guarda Externo numa Loja inglesa da capital, simpático velhinho que me acolheu à porta quando os fui visitar e depois não vi mais, uma vez começada a reunião; tendo-o reencontrado só no final, do lado de fora, percebendo só então que Guarda Externo significa isso mesmo: vai à sua Loja para não entrar! Fica do lado de fora! Na minha Loja e no meu Rito não é assim. Falo também de ocasiões em que visitei os trabalhos de outras Lojas fora de portas e onde aprendi muito. Nesse sentido há uma vertente auto-biográfica, embora não seja propositada. Tentei escrever de modo a que os meus leitores se consigam rever nas minhas palavras, de dentro para fora, como Maçon e não como Profano. Por isso há muitas passagens pessoais. É o livro mais pessoal que escrevi sobre este tema. Talvez por isso tenho tido reacções tão positivas. Em geral os meus leitores sentem a distância entre o autor e o leitor. Quando me dizem que leram um livro meu, mostram uma abstracção ao tema do livro e sei bem quando os levei a conhecer temas em que estão “sem pé”. E isso é bom. Quero levá-los onde habitualmente não vão. Foi o caso da “Maçonaria Desvendada” e do “Bestiário Maçónico”. Mas com o Calepino tenho tido reacções muito diferentes. São mais calorosas, mais pessoais, falam-me de passagens mais concretas, de que gostaram e querem saber mais. É um livro que liga a um nível mais emocional do que intelectual. Isto apesar de algumas passagens que contêm muitos níveis de leitura.

Publicas algumas das Pranchas que apresentaste em Loja ao longo dos anos. Queres destacar alguma?

A maior parte das minhas Pranchas nasceu em Calepinos. São o resultado de reflexões muito pessoais. Depois de as ter maturado em manuscrito, passo-as ao “papel” no Word e organizo as ideias de modo a podê-las expor para que sejam entendidas. Algumas das Pranchas são complexas e têm os tais níveis de leitura. Nem todas são directas e transparentes. Aprendizes irão experimentar leituras muito diferentes de Mestres ou mesmo de graus mais adiante. É o meu modo de escrever. Mas há Pranchas mais descritivas, factuais e acessíveis. Escrevo muito sobre a vertente histórica, sobre o simbolismo, o cristianismo e o hermetismo, que são assuntos que eu gosto de abordar de forma directa, aberta, desassombrada e simples, para quem tem conhecimentos elementares. Outras Pranchas passam totalmente ao lado de quem estiver a ler sem a atenção totalmente focada. O longo parágrafo que abre “A Liga do Embuçado – Portugal e a Missão do Porvir” deixou um silêncio pesado quando foi lido pela primeira vez. Um leitor recente, que tinha estado na apresentação original, há quase 10 anos, veio-me agora dizer que finalmente compreendeu o parágrafo! Mas se tivesse de destacar uma Prancha sobre um tema nunca abordado e com elementos inovadores é a “Maçonaria, Artes Cénicas, Ilusão e Magia”, que explora a influência do Teatro, da Ópera e do Ilusionismo no desenvolvimento do ritual maçónico, com interessantes exemplos. Deu-me muito gozo pesquisar o tema.

Publicas também uma Prancha que não é tua. Queres falar sobre ela?

Sim, publico um trabalho único, muito criativo e que ocupa um lugar especial no meu coração. A partitura de uma peça musical escrita pelo compositor Pedro Teixeira da Silva como trabalho de grau, intitulada “São Jorge”, mais tarde estreada na Igreja da Graça em Lisboa pela Orquestra Círculo de Música de Câmara, que pode ser vista aqui:

A peça foi oferecida pelo autor à Grande Loja Unida de Portugal, que a adoptou como seu hino, tendo a Grande Loja pela mão do seu Grão Mestre José Manuel Moreira e o autor Pedro Teixeira da Silva autorizado a publicação das partituras. Embora haja um número significativo de músicos e compositores ligados à Maçonaria em Portugal – mesmo os contemporâneos, em todos os géneros – é invulgar conhecer peças musicais compostas para a Maçonaria, especialmente como trabalho de grau. As partituras contêm as anotações sobre as melodias e movimentos e seus significados e são precedidas pela explicação do próprio autor. Esta originalidade justifica inteiramente a sua inclusão, que é a todos os títulos histórica.

O Glossário poderá ser utilizado para escrever Pranchas de Grau? Não tens receio de ser copiado por Aprendizes preguiçosos, que ficam com o trabalho facilitado, mas depois não vão citar a fonte?

Não, podem copiar à vontade! Na realidade eu não sou um autor muito bom para copiar, porque escrevo de tal modo que o meu texto é um ponto de partida e não um lugar de chegada. Ou seja, lendo as entradas no Calepino, fica feito o trabalho de base, que permite nortear outras leituras e pesquisas. É um veio que estrutura o pensamento e ajuda a destrinçar o que mais se venha a ler. Mas citar-me é um pouco inútil. Procuro ser um autor que abre caminhos em vez de ser uma vitrina de museu onde as coisas velhas são exibidas, muito alinhadinhas, com etiquetas que dizem “este objecto é ISTO”. Não quero que os meus leitores encontrem, como me acontece com alguns autores que não aprecio, becos sem saída. As minhas páginas não são o lugar de destino. Não são catálogos de definições e finitudes. Não. Quero que as minhas páginas sejam abertos e amplos Campos Elísios onde os meus leitores corram, rolem na erva e se apaixonem! Isso sim. Campos abertos em vez de becos sem saída. Lugares de partida em vez de gargalos doutrinais. É assim que procuro escrever.


O “Calepino Maçónico” não está à venda em livrarias.

PEDIDOS PARA: incursoeshermeticas@gmail.com

6 perguntas sobre o “Bestiário Maçónico”, o último livro de Luis de Matos

12236962_965305233522658_615066448_o

De onde surgiu a ideia de fazer uma compilação dos animais simbólicos presentes nos ritos Maçónicos?

Já foi há uns anos. Estava a estudar o simbolismo do Leão, porque faz parte central do Rito Escocês Rectificado, que me interessa especialmente. Há muitos dicionários maçónicos e simbólicos, mas a maioria das vezes não ajudam muito. Por exemplo, em quase todos os casos, relativamente ao Leão, referiam que estava num quadro do 4º grau do Rito Escocês Rectificado, junto a uma legenda em latim. Ora, isso já eu sabia. Era por isso que procurava o significado… Era como ir a um guichet de informações perguntar como chegar ao Rossio e dizerem que fica na Praça D. Pedro IV, também conhecido como Rossio, bastando para tal dirigir-me ao Rossio!… Outros dicionários entravam na vertente alquímica, com a relação entre o Leão e os ácidos. Certo, certo. Mas é na Maçonaria? De onde aparece. O que significa? Que motivo levou a que fosse ali colocado? O livro surge então numa tentativa de responder a esta questão. Aos poucos começaram a aparecer outros animais e, puxando pelo fio, fui encontrando mais e mais. No início ainda pensei que já haveriam Bestiários Maçónicos publicados. Há uma sólida tradição de Bestiários Medievais muito interessantes, quer do ponto de vista lendário, quer iconográfico. Mas não encontrei, quer em Portugal, quer nos estrangeiro, nenhum que fizesse a lista dos animais que aparecem nos rituais da Maçonaria e o seu significado. Isso tornou o projecto ainda mais aliciante. Depois falei com o pintor Pedro Espanhol, desafiando-o a criar uma sequência de quadros sobre o mesmo assunto, visto da sua perspectiva muito única. A capa do livro faz parte dessa sequência. No fundo é um contributo muito simples e muito inicial para uma área de estudo ainda não sistematizada. Espero que o livro inspire outros autores a ampliarem não só a lista de animais, como o seu significado. Fica o convite.

Os rituais maçónicos referem assim tantos animais, que cheguem para um livro?

Sim. De facto inicialmente pensei em fazer apenas um artigo de fundo para alguma das publicações em que colaboro. Mas este trabalho obrigou-me a voltar à sequência de graus dos muitos sistemas de ritos e altos graus da Maçonaria. Muitos não são praticados em Portugal. Outros já não estão em uso em nenhum lugar do mundo. Foram muitos meses a decifrar rituais, imagens, esquemas simbólicos, catecismos de graus, manuscritos. Aos poucos apareciam os animais. O livro refere 32 diferentes, a que se acrescentam 3 ordens de seres sagrados, além de fazer um estudo acerca da evolução dos Altos Graus maçónicos e do uso de animais como artifício simbólico. Quando dei por mim, estavam escritas quase 300 páginas. Tivemos de usar um formato de livro maior, não apenas por causa das ilustrações, como pelo texto, conseguindo reduzir assim a 250 páginas. Durante os últimos anos trabalhei para uma empresa americana de videojogos e as longas viagens de avião sobre o Atlântico e na Europa foram uma constante. Uma porção significativa do livro foi escrita em aeroportos à espera do voo e no ar! A revisão final foi feita em tempo de retiro próximo de Tomar.  Ainda assim é o livro mais volumosos que escrevi até agora.

Quais são os animais mais conhecidos usados simbolicamente nos graus maçónicos?

O Rito Escocês Antigo e Aceite apresenta dois que quase todos leitores reconhecerão de imediato: o Pelicano e a Águia Bicéfala. São símbolos tão antigos e tão polissémicos que os encontramos em muitos outros contextos. O Pelicano, por exemplo, é o símbolo do Montepio Geral, instituição criada por maçons no século XIX. Já a Águia Bicéfala aparece como símbolo proeminente na Igreja Ortodoxa, sendo frequente vê-la coroando cúpulas na Rússia. O símbolo tem um significado arquetípico, que é o seu eixo simbólico. Depois tem um significado contextual, dependendo de como é usado relativamente a outros símbolos. Os ritos maçónicos tomam muitas vezes o significado arquetípico e depois expressam mensagens simbólicas própria nos diversos graus. Um exemplo é o Cordeiro, usado frequentemente. Em alguns casos, como no Rito Escocês Antigo e Aceite, aparece como o animal que repousa sobre o livro lacrado com os Sete Selos, tal como referido no Apocalipse. Noutros, como no caso do Rito Escocês Rectificado, aparece em glória, com o estandarte da Jerusalém Celeste. O Rito de Mamphis-Mizraim, de inspiração Egípcia, vai igualmente buscar vários animais, entre eles a Fénix, símbolo da imortalidade. Já referi o Leão, podia ainda referir a Abelha com o a sua colmeia e a Serpente, que encontramos muitas vezes na rica iconografia de aventais setecentistas, em quadros de Loja e outras fontes mais efémeras, como convocatórias aos trabalhos, circulares, diplomas, jóias distintivas, etc.

Sendo o simbolismo maçónico essencialmente geométrico, porque recorreram os maçons ao simbolismo animal?

O simbolismo geométrico e arquitectónico é a base de todo o simbolismo maçónico. Ele é usado para expressar as leis que governam o Universo e enquadrar o Homem na criação como um ser que participa de uma dada ordem das coisas. “Ordo ab Caos”, motto presente no Rito Escocês Antigo e Aceite, reafirma essa noção. Deste modo, a geometria, imutável e baseada em princípios verificáveis e constantes, dá um vislumbre sobre o Universo. Mas o processo iniciático, de aperfeiçoamento e melhoramento interior, tem como objecto o Homem. E ele é totalmente fluido e volátil. Está em permanente mudança, mimetizando-se em “pessoas” distintas ao longo da sua vida e enfrentando dentro de si versões rebeldes e desobedientes de si mesmo. Quem já tentou deixar de fumar sabe que é assim. Quem já se deu por si em situações – boas ou más – sem que percebesse como ali chegou, sabe que há camadas ou níveis de consciência de si mesmo e das decisões sobre si mesmo que variam com o tempo, o lugar e o contexto. Umas vezes esse “eu consciente” é suficientemente capaz de tomar decisões racionais. Outras vezes é obscurecido, num processo de eclipse, por um outro “eu”, menos racional, que tendencialmente toma decisões ligadas à herança animal que carregamos em virtude da evolução que levamos neste planeta. São decisões instintivas, que fazem um by-pass à racionalidade. E em geral são essas que nos conduzem a intermináveis problemas. Ora, desde há muitas gerações que essa natureza animal, inconsciente e maioritariamente instintiva, é simbolizada por animais. Todos sabemos que Ricardo Coração de Leão não era um cobarde. Todos sabemos que Cristo é “o Cordeiro de Deus”. Todos queremos que o nosso jogador de futebol favorito seja “uma fera”, mas sabemos bem que, quando as coisas correm mal, “os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio”. A tradição de usar os animais como metáforas e, em seu redor, construir alegorias sobre o comportamento humano, é longa e antiga e a Maçonaria foi beber a essa fonte tradicional.

Houve algum animal que o surpreendesse?

Sim. Eu sabia que o simbolismo da Serpente era muito versátil e muito usado em todo o tipo de contextos. Contudo não esperava encontrar tanto material simbólico à minha disposição. A imagem que transparece da maneira como a Serpente  foi usada simbolicamente surpreendeu-me. Bastará dizer que ela, ao mesmo tempo, é temida pelo veneno mortal e usada como símbolo da farmácia… Doença, morte e cura ao mesmo tempo. É o animal que acompanha os sábios e que é esmagado como o mal absoluto pelos santos. Essa contradição aparente é muito interessante. Surpreendeu-me também o uso da Borboleta no 5º grau do Rito Escocês Antigo e Aceite. É associada ao sopro vital que é exalado pelo Mestre Hiram ao morrer. A imagem é muito poética e em algumas jurisdições – em Portugal este grau é comunicado e não praticado – é cantado um Hino Fúnebre muito inspirador, que publico no livro.

 

O que pode o leitor aprender com este Bestiário?

O leitor em geral pode perceber como e porquê os animais foram usados como símbolo desde tempos imemoriais para transmitir alegorias sobre o comportamento humano inconsciente. Todos os que se interessam por simbolismo, em qualquer vertente, têm aqui muito que explorar. Quem se interessa pela condição humana e pelos seus desafios civilizacionais, culturais, religiosos ou espirituais, poderá enquadrar muitos deles pelo modo como os animais foram usados para os melhor definir. A superação de cada indivíduo, a busca da consciência universal, o domínio de si mesmo, a ligação à natureza cada vez mais afastada e perdida, a responsabilidade da espécie humana no contexto de todas as outras espécies como um cuidador, entre outros temas, encontram no Bestiário Maçónico amplo material de estudo. Para o leitor que, além de se interessar por simbolismo, seja maçon, o livro é um guia acerca de uma categoria simbólica particularmente ignorada e, embora presente nos rituais e profundamente importante para a compreensão da Ordem, raramente abordada no seu todo. Nem tudo são compassos e esquadros!…

capatipo_9a

“Bestiário Maçónico”, por Luis C. Matos

Edições Nihil Obstat

Preço: 24,50€  19,95 € (até 30 de Novembro 2015)

Mais informações e encomenda de exemplares: Emial para ihshi@mail.com

Lançamento na Casa do Fauno

lançamento2014out

No dia 10 de Outubro lá estive na Casa do Fauno, em Sintra, para apresentar o meu último livro. Foi uma sessão muito concorrida e longa porque o público não me deixava avançar, à medida que íamos explorando os mistérios Templários ligados com Portugal. Dei espaço para que todos pudessem contar o que tinham lido sobre o tema, de modo a bem estabelecer se o que trazia agora a público era coisa nova ou se estávamos a requentar o que já todos sabemos há tanto tempo! E, ao que parece, os que estiveram presentes gostaram das novidade. Eu pessoalmente achei um dos lançamentos mais tranquilos que tive. Desde já agradeço a todos.

Entretanto, os livros disponíveis no dia, acabados de chegar da Amazon onde foram impressos, continham algumas gralhas que me irritaram a tarde toda! Algumas eram só letras trocadas, mas há dois mistypes (que acontecem quando estamos a pensar uma coisa e escrevemos outra). Então não é que 1415 dada como a data de conquista de Goa, quando é obviamente Ceuta! Irra!

Sabedor destes detalhes, prometi aos meus leitores que, se encontrassem as grelhas, ou melhor, as gralhas, se elas os irritassem também, que me mandassem um mail que eu substituiria o livro de borla pelos exemplares limpos. Não quero que fiquem com cópias e depois apareçam no Ebay em 2084 a um preço exorbitante devido à raridade!

Podem ver na minha agenda onde me encontrar a seguir se quiserem assistir a mais apresentações do livro.

Novo Livro – Breve Memória Sobre a Ordem do Templo em Portugal

capa250x375

FICHA DA OBRA

Título: “Breve Memória Sobre a Ordem do Templo em Portugal – Seguida de Outros Textos”
Data de Lançamento: 17 de Outubro
Preço de lançamento: 14,95 €
Pedidos: ihshi@mail.com

 

Em 1996 escrevi e publiquei algumas reflexões acerca da Ordem do Templo e de Portugal num artigo entretanto esgotadíssimo. Passadas quase duas décadas é agora tempo de recuperar essa reflexão, fazer as devidas actualizações e acrescentar mais alguns dados que entretanto me vão chegando.

Quando me iniciei no Jornal Quinto Império, de que fui co-fundador em 1991, ainda pouco se escrevia sobre este assunto, excepção feita aos clássicos António Quadros, Dalila Pereira da Costa, Manuel Gandra ou Lima de Freitas, entre outros de raro corte . Contudo, desde então temos assistido a uma profusão de textos e ensaios que colocaram o tema Templário e a nacionalidade em plano de destaque. Hoje há muitos fios por onde puxar e desenrolar esse novelo extraordinário de história e mito. Basta ser curioso e procurar.

O que me motivou a regressar ao tema, agora que parece estar tudo dito, é o facto de haverem alguns aspectos da história e do mito que são pouco tratados e que, no meu entender, são centrais. Deste modo convido os meus leitores a mergulharem de novo numa viagem ao passado mítico e a revisitar Portugal e os Templários.

Luis C. Matos

Pérolas aos Poucos I – O que não se vê

paosp

E assim foi o primeiro programa. Ligeiro e fácil. Pode seguir-se online clicando na imagem acima. Eis alguns momentos para os que ainda não viram:

Episódio I – O que não se vê

Alexandre Honrado (AH): A vida não é silenciosa.

Luis de Matos (LM): A vida não é silenciosa… Mas não precisamos de procurar esse silêncio de vez em quando? Quando é que podemos ouvir a nossa voz interior para…

AH: (interrompendo) Precisamos para compensação, mas nunca é completamente silenciosa.

LM: Eu ia mais longe, acho que precisamos [do silêncio] para nos ouvirmos a nós mesmos. Quantas vezes a nossa corrente de pensamento é condicionada pelo que é exterior? Por esse ruído… Não se expressa sozinha.

(…)

AH: O Kant falava de uma coisa extraordinária, nós e o nosso imperativo categórico. Aquilo que para nós é irrefutável e que nós nem percebemos porque é que em nós está tão definido. Essa voz interior não é esse imperativo? Não é qualquer coisa tão categórica que tu tens de escutar de vez em quando senão não te entendes e não consegues ir em frente?

LM: Pode ser categórica, mas também pode abrir caminhos subjectivos.

AH: Menos categórica?

LM: Menos categórica. Acho que é a voz que os poetas às vezes ouvem.  (…) A vivência do silêncio é importante porque damos valor à expressão.  Cada vez que vamos quebrar o silêncio tem que ser por algo que valha realmente a pena.

(…)

AH: Portanto estamos aqui no campo da abstracção. No da capacidade de criar, porque nós só conseguimos criar se nos conseguirmos abstrair do que está à volta. Estamos aqui num espaço imaterial.

LM: Na minha opinião não é possível criar sem… a criação é sempre objectiva, é sempre física, eu desenho uma linha e é “a linha”. Mas antes de ser linha podia ser tudo. Ela tem de ser, antes de mais, abstracção. Tem de ser todas as possibilidades das quais selecciono uma para plasmar no papel, para plasmar na obra ou numa escultura… ou no livro que escrevemos. Antes de começar a escrever um livro eu nunca sei como é que vai acabar. Eu nem sei como é que vai começar!

AH: Sim, sim! Não sentes que às vezes o livro te comanda?

LM: Ah! Quantas vezes!

AH: E que te diz: “é por aqui que eu quero ir, não vou por outro lado e vamos acabar assim os dois”?

LM: Mas esse é o prazer de escrever.

AH: Eu sinto isso.

LM: Eu tenho um prazer enorme quando tenho realmente um bocadinho de tempo (…), que me sento [e penso]: “onde é que isto me vai levar hoje”? E rio-me à gargalhada porque são coisas que eu nunca pensaria [por mim mesmo].

AH: E voltas atrás? Agora que já fizeste cem páginas, não tens necessidade de ver “onde é que este personagem começou?”, “o que é que ele me disse aqui atrás?”

LM: Sim, à vezes, porque eles se tornam incoerentes. Eu sou um bocado incoerente. Então eles tornam-se incoerentes. À medida que vão andando na história e que vão criando novas situações, eu não consigo limitá-los demasiado. Porque senão eram fórmulas, não é? E escrever com fórmulas, como por exemplo Dan Brown, em que as personagens são formuladas e etiquetadas do princípio ao fim, e não há uma variação…

AH: (interrompendo) Mas estás a escrever um livro, não está a escrever um “Dan Brown”, espero…

LM: Não, não. Enfim, tem os seus mistérios, tem as suas maçonarias pelo meio… Mas eu tenho necessidade que a personagem evolua. Não gosto de etiquetá-lo. Por isso tenho de voltar atrás.

AH: Tens essa ideia da linha do tempo, em que o personagem também evolui à medida que conta a sua própria história. Vai envelhecendo contigo dentro do livro, é isso?

LM: Às vezes vai maturando, mais do que envelhecendo. Porque vai pensando em coisas que não tinha pensado até ali que, claro, vêm da nossa experiência pessoal que podemos distribuir por várias personagens, ou da experiência do mundo que vemos à nossa volta. Podemos distribui-la pelas várias personagens. Eu às vezes fico um pouco atrapalhado porque noto que escrevi algo que me apercebi de amigos meus e não fui capaz em conversa…

AH: Roubaste-lhes algum alguma coisa que colocaste numa personagem de ficção…

LM: Sem querer. Sempre sem querer. E quando leio digo “mas isto parece quase aquilo que eu tenho em intuição sobre um amigo, mas que não lhe disse”. Então sinto-me muito culpado e peço para lhe ler. “Tenho de te ler uma coisa”. (ri-se)

AH: E depois aparece o teu amigo João e diz: “Este personagem chamado João, serei eu?”

LM: “Serei eu”?!

AH: “Não, não, isto é ficção!”

Ambos se riem.

(Continua…)

Leitura Prévia Gratuita – A Profecia da Senhora da Pena

capa_3

Este Verão vou aceitar um novo desafio!

Depois de ter escrito sobre Maçonaria, Templários, Cristianismo e tantas outras coisas, vou escrever a primeira novela de ficção. Trata-se de “A Profecia da Senhora da Pena”, uma história acerca do mistério que rodeia as obras de restauro da capela da Senhora da Pena em Sintra, depois de um tremor de terra. Há subterrâneos, há heróis e vilões, há romance, há relíquias, há profecias e mistérios. E há o Palácio da Pena!

De momento terminei a 1ª parte de 3 e estou contente com o resultado. Ainda ninguém leu.

Gostava de contar convosco para darem uma espreitadela e dizerem o que pensam. Fala de Sintra. De momento não digo mais. Já tenho disponível um pdf online protegido por password e quem quiser ler só tem de a pedir. É de borla!

Depois eu mando mais novidades.

Alguém quer ajudar?

Podem pedir o password para: luiscarlosmatos@mail.com

Quero Saber – Maçonaria

qsabmacpromo_2

O segundo volume da colecção “Quero Saber” debruça-se sobre a Maçonaria. A Ordem Maçónica tem sido muito discutida na imprensa e é muitas vezes envolvida nas mais estranhas teorias da conspiração. Há muitos livros que nos falam do ocultismo por detrás da Maçonaria, dos rituais exóticos, dos segredos e dos símbolos. No entanto, há pouco material de referência que explique claramente o modo como a Ordem Maçónica se tem desenvolvido e a sua presença no mundo actual. Afinal porque é que alguns se dizem “regulares” e outros “agnósticos”? A Maçonaria é exclusivamente masculina? Quais são as diferenças entre cada uma das correntes, quer na sua filosofia de base, quer na sua acção na sociedade? Quantos são os Maçons? Quais são a mais de uma dezena de Obediências diferentes que trabalham em Portugal nos dias de hoje? O que é uma Loja? O que se passa numa Loja? O que é um Rito? É verdade que o basquetebolista da NBA Shaquille O’Neal e Michael Richards, o Kramer de Seinfield, são Maçons?

Este guia ajuda-nos a conhecer a história da Maçonaria e das suas várias correntes, desde o tempo das guildas medievais até às múltiplas Obediências modernas. Pela primeira vez toda a Maçonaria Portuguesa é listada e colocada no seu contexto, com diagramas simples e claros.

PREÇO EM PRE-ORDER: 11,95 €

(Só até 17 de Abril)

Para pedidos por email e transferência bancária ou pagamento por Multibanco, por favor mandar um email para: ihshi@mail.com

Lançamento de “Quero Saber – Alquimia”

Foi lançado no dia 3 de Agosto o primeiro volume da nova Colecção “Quero Saber”, publicação promovida pelo In Hoc Signo Hermetic Institute, desta feita dedicado ao tema Alquimia. Uma vez mais, apesar das férias, o nosso auditório se fez muito pequeno para acolher todos os sócios e amigos que fizeram questão de não perder o evento.

Da autoria de Luis de Matos, “Quero Saber – Alquimia” procura lançar o mote de uma Colecção que irá expor de modo claro e sucinto as bases de múltiplos temas que têm sido abordados pelas Conferências, Tertúlias, Debates, Cursos e Estudos realizados pelo Instituto ao longo dos nossos dois anos de actividade. Efectivamente, de acordo com o autor, “há pouca literatura fiável e introdutória no mercado livreiro sobre uma série de temas fundamentais ao esoterismo; muitas vezes somos abordados por amigos que se mostram desorientados nas suas pesquisas pois não sabem como começar ou confundem muitos conceitos devido ao que leram na Internet ou num site sem referências nenhumas”. Para Luis de Matos “há livros excelentes que são impenetráveis para quem está a começar ou não precisa mais do que uma noção exacta do que cada assunto trata. Há igualmente livros generalistas, que se assemelham a becos sem saída, já que exploram fantasiosas teorias dos autores mas não deixam pistas para que o leitor faça a sua própria demanda.” Referiu que a maior parte da literatura sobre Cabala, Alquimia ou Rosacruz se destina a vender uma filosofia pronta a consumir aos leitores, não os dotando de ferramentas ou apontando fontes que os ajudem, por si, a encontrar as luzes da verdade.

Ao apresentar a colecção, Luis de Matos referiu alguns dos temas a tratar, que incluem o Tarot, a Cabala, a Maçonaria, a Teosofia, a Rosacruz, os Templários e o Martinismo, entre muitos outros. Fez um convite a todos os presentes para que participassem na elaboração dos próximos volumes, quer colaborando com a sua autoria, quer alertando para temas e perspectivas que desejariam ver abordadas do ponto de vista dos seus fundamentos e características essenciais. A ter em conta – disse – é que devem ter uma postura jornalística, não dando a opinião do autor, mas sempre procurando responder de modo claro, sucinto e bem referenciado com as fontes consultadas, às questões base que todos procuram saber: o quê, quem, quando e porquê, onde e como. “Livros de doutrinação com o que muitos pensam sobre os assuntos já há a mais” – disse – “O que faltam é livros que falem sobre os assuntos.”

De seguida deu uma visão geral da obra em apresentação nessa noite, a qual nos apresenta a Alquimia nas suas diversas vertentes, detendo-se nos seus objectivos, origem e vias, de acordo com o sujeito da Grande Obra. De seguida são apresentados alguns dos mais célebres Alquimistas de todos os tempos, como Paracelso, Nicolas Flamel, Basile Valentin, entre muitos outros. Neste capítulo complementam-se os dados biográficos com as suas obras mais importantes. A obra prossegue abordando os Alquimistas do século XX, onde se dá particular importância ao misterioso Fulcanelli, não se deixando de analisar outros nomes célebres como Kamala Jnana e Solazaref. O livro passa então a uma curta exposição acerca da Iconografia Alquímica e alguns elementos essenciais ao seu estudo, terminando com uma secção de referência, onde estão expressas as fases da Grande Obra, as diversas vias, o mistério do Mercúrio, do Sal e do Enxofre, um breve glossário alquímico e uma útil bibliografia classificada entre obras para quem inicia o estudo da matéria, até às obras mais complexas recomendadas só para especialista.

Com a assistência da Paula Teixeira na leitura, puderam ouvir-se algumas passagens da obra. O autor deu alguns esclarecimentos sobre o seu envolvimento coma Alquimia e o trabalho sob a orientação dos Les Philosophes de La Nature de Jean Dubuis, tendo depois dado algumas explicações de como este instrutor francês interligava as operações alquímicas com a Árvore da Vida da Cabala.

O livro “Quero Saber – Alquimia” foi editado pela Nihil Obstat com o apoio do Instituto. Trata-se de uma edição limitada a 250 exemplares, numerada e assinada pelo autor. Foi oferecida em subscrição cerca de um mês antes da edição e o entusiasmo foi enorme. Em poucos dias tínhamos pedidos de vários países, incluindo Brasil, Colômbia, Espanha e Estados Unidos. Chegámos ao dia do lançamento com poucas unidades e o que resta não deve ultrapassar as primeiras semanas do início do ano em Setembro. Uma segunda edição só será feita em 2013 ou 2014. Uma vez que esgotar, está esgotado. Se ainda tiver interesse em adquirir um exemplar, pode faê-lo na nossa Loja Virtual: AQUI.

Fotos: Nélia Matos